quarta-feira, 12 de junho de 2013

Um dia e Duas garrafas de amarula.


Pra sonhar by Marcelo Jeneci on Grooveshark

 E na fila de um café no final da tarde, uma música antiga começa a cantar. Ela canta. Ele nunca ouviu falar.
Lado a lado ela diz cantando, tudo que não poderia dizer de outra forma, ali descompromissado. Ele sem saber que era pra ele, toda a musica que ela vivia de forma tão sentida, olha despreocupado para o que ele veio buscar: "Quando te vi passar fiquei paralisada. Tremi até o chão como um terremoto no Japão, um vento, um tufão, uma batedeira sem botão. Foi assim viu, que me vi na sua mão." 
Aquele era o final de um dia, que mais pareceu conspiração universal. Sim, porque o universo tem dessas de pregar peças. Quando menos espera, um dia à toa, torna-se um dia especial. Desde o café da manhã até seu final. Tudo milimetricamente feito para ela sentir por um dia, uma amostra  do que seria uma vida ao lado dele, se ela realmente decidisse embarcar na loucura que os braços dele propunham. Não há mesmo lógica para certas coisas que vivenciamos. Um corpo que arrepia completamente, como se estivesse no pior dos invernos, quando se está debaixo de um sol de meio dia. Não era frio, pelo contrário era calor. Era o choque provocado pela menção do toque. Era a vontade de ir até onde não se pode e não se deve A energia desse encontro mudo é palpavél. Mesmo que ninguém confesse as intenções, elas são claramente vistas a olho nú, por qualquer um que esteja minimamente atento.
É, aconteceu de novo esse sentimento sem nome. Porque depois de uma certa idade, a gente aprende que certas coisas não se nomeia  porque são altamente mutáves e surpreendentes.
O sentimento puro e simples, é o que é. Pode ser fuga, como já foi citado anteriormente por um amigo intrigado. Pode ser o signo dele que como já comprovado historicamente, tem uma certa afinidade com o dela. O elemento Fogo no signo de ambos deve ter algo a ver com as chamas que acendem quando os olhos se cruzam. Ou apenas um alinhamento estranho do planeta X com a lua Y no signo Z.
Dever ser, e se não for está perto disso.
Procurar muito sentido, não traz sentido a equação. A soma em si não funciona. O que funciona é a frase escrita na pele dela.
Let it be.
E todo dia ela acorda e pede por isso, para conseguir deixar a vida ser o que tiver que ser, se isso for necessário. Todo dia acorda e antes de se desesperar com a iminente ansiedade do saber, ela fecha os olhos e diz pra si: Let it be, let it be.
Amanhã tudo vai ser passado, o flerte pode não ser tão fatal assim, a música pode mudar de tom, as coisas podem acabar de repente, e na verdade tudo isso foi só mais uma lição a ser aprendida. Se for, bem, se não for amém.
Mas com a mesma facilidade que ela deixa ser (ou ir), ela se deixa sentir, e pede por um pouco mais. Só um minuto a mais de olho no olho, só um arrepio a mais, só um sorriso sem jeito, só mais uma pausa na vida adulta, para um pé no imediatismo tipico da juventude. Na sensação de pra sempre ou nunca mais. Uma dia a mais de Cazuza way of life.

 "Exagerada, jogada aos seus pés, eu sou mesmo exagerada. Adoro um amor inventado."