segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Queda-Livre




Da ultima vez que nos vimos, você me perguntou o que precisava acontecer para eu ficar. A resposta era tão obvia, que me recusei a dizer em voz alta: VOCÊ.

 Eu te vi primeiro.
Acho que normalmente é assim que as coisas acontecem pra mim. A vida aparentemente me dá a sútil vantagem de saber que vou quebrar a cara antes de me jogar, e dessa forma, creio eu, que ela espera que eu seja inteligente o suficiente para desviar o caminho.
Mas a vida me conhecendo do jeito que conhecesse, deveria saber que a escolha mais facil e obvia, nunca é a minha.

Eu te vi primeiro, mas você não me viu (e creio que continua não vendo). Você estava envolto em uma das minhas músicas preferidas. Acho que foi esse o inicio de todo o problema. Eu já tinha tomado uma garrafa de vinho, e pensando em como seria interessante encontrar alguém mais parecido comigo. Alguém novo.

 Você era novo, e estava envolto na minha musica preferida, e eu, embebecida em vinho. Ou seja, um desastre anunciado.

 Hoje, eu penso que como nos filmes, eu me apaixonei por você antes de te conhecer. E qualquer coisa que você me mostrasse depois disso por pior que fosse, não mudaria essa condição inicial.

 Três, foram o número de vezes em que eu me vi, me apaixonando por você. A expressão em inglês se aplica melhor aqui: "Falling in love". Eu me vi caindo de amores. E cair, é um verbo do qual ambos temos certeza, devido a paixão irrefutável pela altura que cultivamos, porém é a certeza que mais tentamos evitar.
Cair doí. E às vezes pode causar danos irreparáveis. Acho que você sabe disso melhor que eu.

 Três, foram o número de vezes que percebi que apesar de você me fazer sentir coisas absurdas, eu acabei sentindo tudo sozinha. E por sentir tudo sozinha, eu me magoei. Magoei-me por perceber que as pessoas não fazem nada para que nós apaixonemos por elas.
O amor é realmente um sentimento inexplicável e incontrolável. Ele chega até você e se instala, e mesmo que racionalmente você saiba que aquilo não deveria acontecer, o amor acontece, apesar de mim,e apesar de você.
 Você não fez nada. Pelo contrário, você fez tudo para que eu não me enganasse à respeito das suas intenções. A estupidez foi exclusivamente minha. Estupidez essa que me fez querer mais que um corpo. Me fez querer entender a mente e o coração de alguém que não queria tal compreensão.
 Eu quis entender o que te fez ser o que é. O que é que o mundo fez para você perder a sensibilidade de se importar?

 Três, foram o número de vezes que eu te perdoei, sem você nunca nem ter se dado conta que me ofendeu. Eu te perdoei por ser você, por ser frio, por me tratar de formas que eu não mereceria. Quando tudo que eu tentava era te dar amor, era fazer com que você se sentisse acolhido.
Agora eu me perdoô, por permitir que você agisse assim. No final, os ciclês sempre estão certos, a gente só pode ofertar aquilo que o nosso coração está cheio.

Três foram as vezes que eu orei por você, quando estava absurdamente cansada demais para qualquer tentativa de compreensão. E pedi a Deus para que te fizesse livre de tanto passado. Não por mim, mas por você mesmo. Porque a minha parcela na sua vida é essa. Eu fui passageira. E você o descarrilamento.

Tenho sentimentos que crescem e se transformam, apesar de mim, e aprendi a lidar com eles. Eu os deixo ser, até que um dia eles me deixem ser em paz também.

 E ultima, porém não menos importante, Três é o número de vezes que eu pensei em ficar por você, mas decido parar de me esticar para segurar o laço que não tem a menor pretenção de se manter. Eu sou o que sou, você é o que é. E cumprimos nossos papéis com maestria.

 Caso não tenha percebido, as coisas pra mim funcionam sempre de forma intensa e leve ao mesmo tempo. Eu já conheci todo o seu pior, e me apaixonei mesmo assim, esperando pacientemente o dia que pudesse conhecer o melhor, porque acredite, eu sei que o melhor nunca me foi apresentado.
E às vezes, o meu perdão venha do reconhecimento em saber o quanto somos pessoas iguais, que escolheram seguir caminhos diferentes em situações semelhantes.
Mas amor não se pede, não se implora e princiaplmente não se impõe.

 Cinquenta e nove segundos (e acredite, eu contei), foi o tempo necessário para eu perceber que você seria alguém relevante em minha vida. Se o tempo que compartilhamos na vida um do outro até agora não foi suficiente para que você tenha percebido o mesmo. Não há mais nada a ser dito.

No baseball, depois de três bolas foras o jogador está eliminiado. Eu me despeço então, e saio de campo.

Essa é a primeira e ultima vez que escrevo sobre você. Para deixar registrado por ai que hoje meu amor é seu, mas há de passar.
Acredito fielmente que as pessoas mereçam saber o que elas causam nas vidas que tocam, e não digo isso de forma ruim.
Você existiu em mim, de um jeito totalmente bonito e sem magoas. Eu sempre soube o que esperar.

 "O amor é um acidente, esperando para acontecer".

 Você foi o motorista que fugiu do local do acidente. Não por culpa sua. Você nem percebeu o dano que causou.
Foi tudo vivido aqui, e olha, se você pudesse ter visto, entenderia, que foi bonito, foi intenso, e consequentemente desastroso. Que teve trilha sonora hollywoodiana, teve suspense, teve surpresa, teve telespectador torcendo pelo final feliz, e teve um final tipico de filme francês.
Afinal os filmes franceses mostram a vida como ela é, e não Como nós gostariamos que fosse.

 O tempo que dediquei a minha rosa, fez dela única. Te vejo em outro vida.