sábado, 2 de outubro de 2010

Eu não moro mais em mim.


Mais uma noite, super produção, telefone tocando sem parar, um convite para sair. "Vamos beber alguma coisa?".
Eu digo sim, e vou parar naquele bar que fomos no dia que percebi que era você mesmo que eu queria. A mesma banda toca, sento na mesma mesa, puxo as mesmas conversas, mas não é você do outro lado. Não tem você dançando, me abraçando e cantando pra mim. Ele faz o mesmo, mas não o enxergo. Só enxergo a ausência de você naquele lugar que outrora viu uma garota iluminar-se ao olha-lo.
Vou embora, ele me pergunta quando vamos nos ver de novo, do jeito que você fazia, mas não é a sua carinha banal de garoto com sede de vida que eu vejo. Eu respondo a ele que qualquer dia a gente se liga, mas eu não vou ligar, na verdade não tenho a intenção de vê-lo. E me dá saudade ao lembrar que quando você me perguntava isso eu dizia: "pode ser agora? Dá uma volta no quarteirão e volta, você eu veria todo dia". E você sorria, eu sorria, e a gente se beijava de novo e ficava mais algumas horas tentando se despedir.
Outro dia senti falta das noites de filme na sua casa, com você no meu colo e eu repleta de paz por dentro, como se finalmente eu tivesse encontrado o meu lugar no mundo.
Então tentei repetir a cena, com outro personagem. Quanto mais eu tentava encontrar meu lugar naquele colo, mais incomodada eu ficava. O filme era chato, o colo não era o seu, a pessoa não era você. Na metade do filme desisti, fui embora. Deixei mais alguém sem entender o que tinha feito de errado, quando na verdade a errada era eu. Ando errada sem você, porque não me acostumo com outras pessoas no seu lugar. No lugar que eu dei a você. Porque antes de você, eu era feliz sozinha, e agora é dificil continuar sabendo que tem alguém como você no mundo, e que não está mais comigo.
Numa dessas noites conheci um cara que tinha uma jaqueta igual a sua, aquela que te deixava com tanta cara de homem que eu sentia um orgulho besta de ser a garota ao seu lado. Fiquei paralisada olhando para a jaqueta, lembrando de como eu gostava de te ver com ela, então o cara se aproximou, e acabou o encanto, olhei triste pra ele e fui embora. Não era você.
Num ultimo ato dessa minha mania de me apegar a suas coisas, comprei seu perfume, aquele que fazia com que eu me sentisse em queda livre e dei para alguém que parecia mesmo querer ocupar o seu lugar. Mas não deu certo, eu poderia acabar com o vidro nele que não conseguiria sentir o mesmo que sentia com você. Tens razão, não é o perfume em si, é a sua pele e a minha vontade de tê-la na minha.
Quanto mais tento ficar com outras pessoas, mais eu sinto o fato de nenhuma delas ser você. Eu posso tentar repetir as cenas, as conversas, o cheiro, mas nada me completa. Sinto falta do gosto de vida que eu sentia quando estava com você. De me olhar no espelho e ver a luz dos meus olhos, de me sentir meu corpo se agitar ao ouvir o barulho do seu carro em frente a minha casa. Você era meu cheiro de mar no meio da selva de pedra, minha vontade de voltar no tempo, e de sentir algo que eu nunca tinha sentido com ninguém antes de você: A vontade de ser a garota de alguém.
Eu saio todos os dias, me divirto, bebo, danço, conheço novas pessoas, ganho elogios, pessoas querendo me dar colo, e acho que estou bem. Que nem sinto mais sua falta, mas ai no meio da noite algo acontece e eu quero virar e te contar para você soltar aquela gargalhada que toma conta de todo o lugar. Mas você não está la. Então eu desisto, e volto pra casa e escrevo sobre a falta que não tenho coragem de te dizer que sinto. Mas eu sinto. E dói as vezes.
( ouvindo "Metade" - Adriana Calcanhoto )

16 comentários:

AninhaGR disse...

Querida, que texto perfeito, tanto no sentido literário quanto no sentimental! (E é incrível como sentimos da mesma forma em situações parecidas...) Meus aplausos, de pé, para ti... Por saber sentir e por saber expressar muito bem isso!

Crazy Mary disse...

Flor!
Quanto sentimento, quanta coisa você disse por mim aí... muito talento, muito coração e muita verdade!
Amei o texto!
Beijinhos

Thamires disse...

Oii Rê! *-*
Lindo demais esse texto. Gostei muito muito mesmo.

"Tens razão, não é o perfume em si, é a sua pele e a minha vontade de tê-la na minha.
De me olhar no espelho e ver a luz dos meus olhos."

As melhores frases!
Muito amor.

Beijos Flor! :*

Raissa;* disse...

É tão bom vim aqui sempre; as vezes é mais difícil deixar pra trás do que pensávamos que ia ser... principalmente quando se trata de substituir uma pessoa, que julgávamos ser insubstituíveis.
A vida é mesmo uma caixinha de surpresas, é o melhor a se fazer é ir tirando um "presente" de cada vez...
Beeijo ;*

Taiane B. disse...

Eu estou passando exatamente por isso....

Taiane B. disse...

"Estou em milhares de cacos, eu estou ao meio...
E ONDE SERA QUE VOCE ESTA AGORA???"

Déborah Simões disse...

Lindo, lindo...
Cada vez que leio teus textos, viro mais e mais tua fã!!!!
BJok

Aline Goulart disse...

Olá, tudo bem? Desculpa a demora para responder o seu comentário, mas eu não esqueci de você.
Esse texto é muito sensível. Fala uma verdade... quando a gente ama, não adianta... ninguém substitui facilmente.
Passei para desejar uma linda semana. Beijinhos.

Camila Paier disse...

Preciso dizer que, tirou um pedaço do meu coração, esse teu texto? Que ainda dói em mim, como sempre doeu, e talvez doa pra sempre? E dilacera, como eu mesma disse. Me queima inteira por dentro essa falta que não sana, e aumenta cada vez mais. Nós não tínhamos decidido que ia passar, e que a felicidade viria? O único problema é que a felicidade foi extraviada, e deve ter se perdido por aí. Uma pena!
Beijoca

epifania* disse...

Puutz...de arrepiar..=) hj eu estou sentindo exatamente isso...e me pegou de surpresa. Então pensei que no blog da Rebeca podia ter alguma coisa que me ajuda-se...
adorei me reconhcer nos seus textos mais uma vez!

Andressa Oller disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Cutucou a ferida quase sanada aqui. Remexeu o acorde das lembranças, esquecidas entre os cantos, abandonadas. Doeu ler, sentir essa nostalgia descomunal. Falta aqui dentro ainda, pedaços partidos. Tão incompletos, chega a dar pena.
Um beijo querida.

Jackeline Licá disse...

Bem lindo aqui
:*

Anônimo disse...

Uauuu!!!!que texto lindo...acho que foi feito para mim...kkkkkkkk!!!amiga seu blog é meigo demais!!!aqui encontrei muito amor!!!!estou encantadaaa!!!serei seua seguidora...desejo á vc.uma semana cheia de amor!!!beijos doces!!!

Anônimo disse...

Amora! Recebi generosamente em meu blog quatro selos, que posso ofertar a cinco blogs que aprecio. Pensei no seu, óbvio. Humildemente oferto esses presentinhos... Estão lá no Pensamento Indelével, são os quatro de baixo. Espero que gostes. Beijo!